quarta-feira, 7 de março de 2012

A NOVA LEI DE JESUS PARA OS DISCÍPULOS: MATEUS 5.17-20

Nossa leitura contínua do Evangelho de Mateus atinge agora um grande e importante conjunto literário próprio deste evangelho, em que Jesus revisa a Lei judaica radicalizando o sentido dos mandamentos em busca de uma conduta perfeita; ou que pelo menos supere a prática religiosa dos fariseus (5.17-48). Para identificar melhor os limites deste conjunto, podemos atentar para sua evidente abertura, em que Jesus explica que não veio abolir a Lei, mas cumpri-la (v. 17.20).

Ela afirma com muito cuidado que Jesus não está contra a Lei, mas que a aceita plenamente (v. 17-19). Esta ressalva é importante, pois na sequência, veremos Jesus oferecendo releituras daquelas antigas tradições religiosas, releituras que certamente seriam suficientes para atrair sobre o grupo que as defendesse o estigma de seita herética. Apesar das negações que fará à Lei, quer o evangelho sustentar-se no judaísmo de seus dias; ele quer implantar novidades, fazer revoluções, mas isso internamente, consertando o que em sua opinião estava errado, e não inaugurando um novo momento ou religião.

Outro ponto digno de nota é que esta introdução à discussão legal seguinte coloca a “Lei” como campo de batalha para o conflito entre os “discípulos” e os “fariseus e escribas” (v. 20). Os líderes religiosos que eram considerados influentes serão rejeitados por meio dessa argumentação; a “justiça” deles será reprovada, sua religiosidade deslegitimada. Portanto, mais do que fazer exegese, o Evangelho de Mateus está combatendo rivais através do debate religioso-legal.

A partir daí a estrutura dada ao texto pode ser facilmente observada. Primeiro, temos que notar as de uma espécie de refrão, que diz: “Ouvistes que foi dito... Porém eu vos digo...”. Estas frases são empregada de maneiras quase idênticas em cada subunidade do texto, e demarcam as atualizações que são feitas aos mandamentos sobre homicídio, adultério, divórcio, juramentos, vingança e amor aos inimigos. Temos aí um conjunto de textos que formam uma unidade, e que por isso mesmo não podem ser divididos em qualquer delimitação.

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