terça-feira, 6 de julho de 2010

A MULHER QUE UNGIU JESUS – (Parte X)

Continuamos estudando Mateus 26.6-13, agora chegando ao v. 10, que já começa nos mostrando que a opinião de Jesus não está alinhada às palavras dos seus discípulos. Literalmente o texto diz: “Porém, Jesus conhecendo, disse-lhes:”. O particípio do verbo saber/conhecer (gnósko), outro acréscimo mateano à sua fonte marcada (Mc 14.6), passa-nos o sentido de que Jesus então ficou sabendo do que os discípulos diziam entre si. Quer dizer que há outro ponto negativo na fala dos doze que é o segredo, ou a não transparência de suas posições. É como se notassem a omissão de Jesus em relação à ação da mulher como aprovação, tecendo então seus comentários maliciosos “pelas costas”. Na versão mateana eles não expuseram sua fala abertamente, mas murmuravam entre si e assim assemelharam-se aos inimigos de Jesus que criticavam-no entre si mas sempre perdiam quando com ele debatiam. Porém, de alguma forma não revelada no texto Jesus toma conhecimento do que eles estavam dizendo e responde, dirigindo-se exclusivamente aos discípulos.

Agora cabe uma observação mais técnica. Esta perícope de Mateus foi classificada como sendo uma créia por Klaus Berger, gênero conhecido através dos tratados gregos de retórica que apresenta uma máxima pronunciada pelo personagem principal em resposta a uma determinada situação. Como esse assunto de estudo do gênero literário usado pelo autor será mais trabalhoso, deixo-o para a próxima postagem, que exigirá de todos nós maior dedicação.

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